"O preço do amanhã"


O amanhã estava tão perto... E como deveríamos aproveitar cada instante se a vontade era de parar o tempo? Sabíamos que cada segundo era valioso, que os tínhamos ali, que nos tínhamos por alguns instantes medidos, contados. Precisávamos, de alguma forma, multiplicá-los. Só era possível se dividíssemos o tempo que nos restava entre nós.

E aí a solução foi grudar. Juntar os corpos, passar energia pelos toques, pelos beijos. Sentir a endorfina atingir cada órgão do corpo. Minha pele sentiu os arrepios da tua vontade. E desejou mais pele. E desejou mais tempo. Nosso castigo, ao terminar o nosso tempo, não era a morte, mas a saudade imediata.

O tempo acabou e tivemos que fingir que no dia seguinte o teríamos novamente, que receberíamos a cota diária. O amanhã chegou e cobra caro. Chantageia com as lembranças e pagamos com a falta. Sentimos saudade e ela só está no começo. Penaremos com ela, mas saberemos lidar. Seremos mais fortes.
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Imagens


Quando sonhamos, não sonhamos palavras e sim imagens.
(Quase) Tudo pode até passar, mas as imagens não passarão.
 
Imagens podem ser lembranças, que já aconteceram: beijo de peixe.
Imagens podem ser desejos que acontecerão: jantar romântico.

O importante é que são eternas... ^^
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Historinha Gostosinha do Raul


Após uma pequena caminhada em direção ao salão, Raul e Gisa adentram à construção. Se deparam com mulheres caladas, talvez por estranharem o novo ser que ali se apresentava, Raul. Ele chega de certa maneira até bem descontraída e tal fato tornou-se perceptível quando ele proclamou um audível boa noite que ecoou durante alguns milésimos de segundo.

De um lado Raul e Gisa e, do outro, a possível dona do salão e uma mulher que parecia ter passado por uma experiência cabelística conhecida como banho. Gisa, então, gira em torno de 10º em direção ao seu amado e o questiona:

- Vai me esperar aqui?

Raul inspeciona o local, olha o rosto das mulheres que ali já se encontravam, entra em um estado de nothing box e diz o que ele já havia concluido antes mesmo de ter chegado: não.
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Do bem querer


Do bem querer se faz a boa companhia. A graça de ver TV, de fazer nada. Quando dormir é mais do que descanso, é encantamento. Brincar de fazer careta quando tiramos fotos com efeitos. Olhar as fotos e ter vontade de voltar pra elas.

O bem querer nos faz sentir saudade, querer ficar perto. Gostar mesmo quando não gosta. Dá vontade de ligar só pra ouvir a voz, de mandar uma mensagem pra deixar um beijo. O bem querer transforma a hora do almoço, faz do cinema um lugar mágico e do lençol um cúmplice.

Do bem querer surge o melhor dos abraços, os carinhos ao despertar, todos os beijos. Surge o prazer das brincadeiras.

De bem querer, somos compostos os dois.
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Dúvidas


Ao contrário dela, nunca me esforcei, apenas fiz o que eu faria para qualquer outra pessoa que eu gostasse e tivesse respeito. Entretanto, também posso imaginar que ela tenha feito o mesmo, mas com outra intensidade? (Quem sabe apenas funcionando em frequencias diferentes, mas equivalentes(?)) Ela não chegou a agir com perfeição (quem chega afinal?), mas me surpreendeu e me deixou confuso. Não sei porque ela precisa de mim, pois ela já tem tanta gente o tempo todo. Provavelmente porque ela necessite mais do que a maioria das pessoas. Ou talvez porque "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". O fato é que apesar de não ser algo realmente sério, no final das contas, acaba sendo. De certa maneira é algo bom, mas sei que a caminhada não será sempre florida e que voltarei a repetir o que já fiz outras vezes. A alegria e a tristeza talvez sempre irão se alternar como em tudo, e a perfeição continua existindo apenas em nossos sonhos e desejos. Talvez eu ainda não tenha compreendido o sentido da vida. Talvez, ao contrário de mim, ela tenha. Parecemos diferentes ou será que apenas ainda não nos conhecemos bem? O que ela quer? Quais os seus desejos? O que ela espera de tudo isso? Dúvidas...
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Reticências


O ponto era o que aparecia das reticências escondidas. Uma ligeira interrogação sobre o significado daquilo tudo. As respostas estavam todas escondidas no carinho, o beijo de peixe, no ciume camuflado, no bem querer.

As fadas do conto fugiram. Mas a história continua sendo escrita com gritos e detalhes, intensidade e parcimônia. Com os segredos que deixamos guardados no espaço de nosso abraço.

A saudade voltou pro lugar que lhe era de direito, cuidando de alegrar todos os nossos reencontros. O nosso pretexto sairá de um filme e passará a ser apenas o encanto do querer.
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E a história bonita chegou ao fim (ponto final)
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Encontro


A saudade já brincava dentro de mim, tamanha a intimidade que adquirira. Ela foi guardando um lugarzinho e me avisando que é melhor que eu o preserve, pois ela voltará sempre. Será mais doloroso se todas as vezes tiver de abrir um espaço novo pra saudade se acomodar.

O melhor dos dias é quando ela vai embora. Vai bem ali e fica quieta, paradinha, dando uma trégua para depois voltar. Enquanto ela se afasta, você está aqui perto, bem perto. Em abraços, em beijos, em carinhos, sentado comigo no chão da livraria.

Um soneto de fidelidade, um de amor total... Um livro inteiro de poesia.
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Como é bom


Ver e não ver filme com você
Dar beijo de peixe
Ensinar e tomar susto
Falar sobre livros
Escutar música ao fundo
Se descobrir e descobrir
Desenjoar
Se mostrar e ver completamente
Sentar no colo
Sentir a pele fresca
Olhar nos olhos
Pegar na mão
Dormir no pescoço
Se abraçar no sinal vermelho
Esquecer do mundo lá fora
Jogar xadrez
Receber mensagem
Perturbar e ser chato
Comer pringles de churrasco
Escutar Jessier Quirino

e poder enxergar o quanto
a vida é boa

Só não diga o mesmo de Gisa
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Segredo


É como se uma escorpiana cometesse a ingenuidade de apaixonar-se por um virginiano. Um laranja que se apaixona pelo azul. Uma cangaceira apaixonada por um grande mestre de xadrez. É a intensidade apaixonada pela parcimônia. Um repente apaixonado por um pop norte-americano. Fast-food apaixonado por uma maçã argentina. É esse tipo de coisa que acontece e que é melhor guardar segredo, porque ninguém acreditaria..
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É bom! [2]


Um cheiro no pescoço que eu deixo dar
O beijo na testa de despedida
Aprender e ensinar
As surpresas do jogo
As surpresas do coração
O carinho com as mãos e as unhas
Deitar no sofá
Ficar juntinho
Perder a novela
Andar de mãos dadas
O beijo suave
O beijo atrevido
Sentir saudade
O reencontro
Falar de livros
Enroscar as pernas
Conhecer os amigos
Ouvir poesia
Quebrar pudores
Te descobrir
Me perceber envolvida
Me mostrar frágil e cheia de medos
Fazer as pazes antes de dormir.
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É bom!


Quando se sente um determinado prazer que é mais do que carnal. É coisa de pele, de instinto, mas é também de alma. É o teu tato que me descobre, me desvenda, me desmancha, me desarma, me desamarra.São teus toques que, de tão leves, me ajudam a flutuar. A flutuar em ti, a sair do meu corpo e viajar de encontro ao teu.

Tuas mãos na minha pele me despertam e me embriagam. Me alucinam e viciam. Me oferecem anestésico para qualquer que seja a dor, até as incômodas dores de regras... Que desta vez nem incomodam tanto assim.

Pelas minhas costas, me derreto. Pelas minhas pernas, me desconcentro. Desconecto do mundo pra me ligar só em você. Todos os meus sentidos se voltam para sentir a maicez dos teus toques. O mundo para e inexiste qualquer distração capaz de me trazer de volta à orbita da realidade. Me transporto para um espaço onde apenas estamos nós dois, nos encontrando, nos conhecendo.

Suas mãos serão capazes de me seduzir pelos caminhos que você escolher. Te revelarei todos os segredos que compõem o meu ser, o meu sentir, o meu querer. Te permitirei encontrar cada detalhe meu.
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Todos os santos


Cada cidade com seu padroeiro, o santo protetor. Qual deles protege os turistas desavisados numa estrada esburacada? Subidas e descidas, fotos e mais fotos. Igrejas, obeliscos, praças, escadas, bonecos, até restaurantes vazios serviriam de cenários para registrar a passagem por cada uma das cidades.

Foto de alguém que eu não conheço, mas que se chama Marcyo Queiroz
E a abolição, o que teria a nos ensinar? Como seria a vida dos escravos que trabalhavam fabricando uma cachaça da qual jamais provariam? Que santos os abençoavam? Jesus Cristo ou Oxalá? Nossa Senhora das Graças ou Iê Manjá? Antes de descobrir essa resposta, mais uma subida difícil. Qual seria o santo? Foram todos invocados naquela hora.

Senzala, morcegos. Não pegar no chifre do boi nem tocar o sino - ambos proibidos aos casais. Má sorte teriam num romance que apenas começava - era o dia 10. Romance que subiu a serra, que sentiu o vento frio, que apareceu na janela de uma casa de taipa cenográfica.

Estariam os santos abençoando as experiências que estão por vir? Que tenha sido a "primeira" aventura, o primeiro dia inteiro juntos. Que além do santos, os seus também tenham abençoado esse chamego tão bom de sentir.
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Uma semana


Quanto tempo demora uma semana? Matematicamente falando, uma semana é contabilizada pela quantidade de sensações que passamos na companhia de alguém. Assim, se em uma semana você sorriu, emocionou-se, chorou, desesperou-se, começou, acabou e recomeçou, pode-se dizer que uma semana é bastante tempo.

A contagem dos dias, portanto, não faz muito sentido. Isso quando apenas estamos tentando calcular o tamanho de uma semana, pois a contagem dos dias pode ser importantíssima em certos casos, principalmente quando ocorre o inesperado.

Quando o inesperado acontece é melhor sermos matematicamente precisos. Necessitamos contar os dias em segundos e, se tivermos alguma dúvida, que perguntemos a um farmacêutico, pois os farmacêuticos sabem matemática como ninguém.

Enfim, uma semana passou. Muitas coisas passaram e muitas lembranças ficaram. Uma semana é apenas uma genuflexa representação de uma vida. Você saberia me dizer quanto tempo demora uma vida?

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Dia seguinte


Aperreio. Tensão, nervosismo. Ninguém mais esteve atento ao filme. Talvez nem notassem mais que havia alguém ali do lado. Era como se a solidão da angústia tomasse de conta da situação e impedisse o raciocínio das coisas mais simples, como por exemplo, contar os dias.

E quem conseguia fingir mais calma? Aliás, quem esconderia de verdade o medo? Ninguém. Pelos olhos, ouvidos, pela pele escapava o sentimento que estava dominando aquela sala, como se os segurasse pelo braço, impedindo-os de gritar por socorro. Mas gritar pra quem? Naquela hora, só restavam os dois, mas nenhum mostraria fraqueza.

Mas não era hora de serem fracos. Precisavam pensar com calma para tomarem a atitude mais sensata. Tirar dúvidas com a pessoa certa e lembrar que a solução seria o dia seguinte. Ele chegaria com a solução. Ainda que ela viesse com enjoos, dores de cabeça e vontade de deitar no colo e fazer dengo... Era o preço.

Resolveu-se tudo e restou a lição de permanecerem atentos até mesmo quando os desejos estiverem prontos para dominar a razão. No dia seguinte, restou o casal escrevendo a própria história.

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Ilustração: Gatinhos - tubes by Jazzel (Site desativado)
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